Translate

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Chama sobrevivente: loucura fecunda

Loucura, o cinema me salvou da loucura. Foste o amigo, o cão engarrafado, poetizado e projetado. Câmera, que nada tem de oculta, que desvela belezas, que aproxima os dedos das flores, que torna os odores surrealmente palpáveis. Nascente, fonte cinema, como o inexistente que era precipício torna-se real que não existia. O que me importa os espelhos? Entre o reflexo e a reflexão busco o gol de cobertura, derradeiro dos meus sonhos, sem os quais a vida pode prosseguir, com os quais mais do que mergulho e rema barcos lançaremos novo oceano: encontro da superfície com o movimento solar, onde se abre o foco que torna os nossos corações primeiros planos, que nos convida para o salto de nossas pequenas ilhas. Quântico: cântico dos cânticos, nos mostra que o profano é mais rico e miserável do que qualquer natureza sacra. Nos importa desbravar as veredas que nos indica o surrupiamento de si mesmos no profundo profano, profunda vasta superfície. Fomos roubados, leiloados, locados, desprovidos de um valor qualquer, valorosos em nossa pobreza: berço da nossa loucura infecunda. Encontrar o bico da fantasia na penumbra frutífera, depois de desfazer as sombras e tornar-se escuridão. Adentrar a chama de luz sobrevivente de paradeiros poéticos...

Nenhum comentário: