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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

28º Jornada Nacional de Cineclubes

Ahoramágica estará presente na Jornada Nacional de Cineclubes...


28º Jornada Nacional de Cineclubes,
Será realizada em dezembro no Recife.

Celebrar a consolidação da rearticulação do movimento cineclubista brasileiro, sua reconhecida liderança e protagonismo no cenário mundial nas lutas pela democratização do acesso à cultura audiovisual, pelo fortalecimento das diversidades e identidades culturais e pelos direitos do público. Estes são os principais objetivos da 28ª Jornada Nacional de Cineclubes, da 3ª Conferência Mundial de Cineclubismo e da Assembléia Geral da FICC - Federação Internacional de Cineclubes que serão realizadas entre 5 e 11 de dezembro em Recife (PE).

Mais informações: http://28jornadanacionaldecineclubes.wordpress.com

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Meu amor em Kilo Bytes

Meu amor em Kilo Bytes

Meu amor online

Sua presença deslocada em alta velocidade

Conexão rápida, boa internet

E aqui essa ausência, sozinho à cadeira...

Meu amor em megapixels

Sua voz digitalizada em alta equalização

Max sound surround com mais de três efeitos

E esse silêncio ao meu redor...

Meu amor em kilo bytes

Seu rosto projetado em alta definição

Samsumg tela fina, msn aplicativo

Um leve clique no google chrome e ela desaparece

E volto para a solidão do youtube, google gmail

Ou qualquer outra bobagem...

Meu amor lá

Eu aqui

sem smiles nem kkkkkk

a apenas 10,0 Mps de distância

a um clique de um abraço


E essa falsa presença

Esse suposto on

Me faz perceber

Que nunca estive tão off...

Nunca estive tão off...

Nunca estive tão off...


Essa triste certeza não me impede de continuar tentando me conectar

Procuro ficar on no msn

Mas continuo sozinho nessa cadeira

Tenho recados no orkut

Mas ninguém ao meu lado

Tenho emails no google

Mas nenhuma paciência para lê-los

Estou tão off que nem consigo me desligar...


Apego-me às palavras e aos amigos virtuais

Enlaço-me nas músicas e nas fotos digitalizadas


Espaço espaço espaço

em muitos giga bytes

para que tanto espaço

se eu me espremo por aqui?


Estou tão off que minha vida cabe em uma tela de 14 polegadas...


memória memória memória

100Gb de memória RAM

pra que tanta memória

se já se esqueceram de mim?


Estou tão off que todo meu amor se vai em um clique...


Ctrl+Alt+Del Enter

E "a gente sofre sem querer"

com esse villa-lobos remasterizado


Estou tão off que digito para poder viver...

sábado, 13 de novembro de 2010

71 fragmentos de uma cronologia do acaso (Michael Haneke, 1994)

DIA 21/11/2010 - às 17 horas.
na Vila Cultural Brasil (rua Uruguai, 1656)
Ahoramágica convida.
ANTES: Ele é o Café (2010) de Luis Mioto - 16:00hs

"Um filme, entre tantos possíveis, oriundo das oficinas do cineclube Ahoramágica, parido a partir de mais um encontro mágico vivenciado"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Curso de produção cinematográfica



O cineclube Ahoramágica e a Vila Cultural Brasil apresentam:

CURSO PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA

O curso é uma introdução à linguagem cinematográfica procurando fortalecer as formas de expressão, criação e discussão das realidades em que os participantes se mesclam.
Para tanto, apresenta-se um contato com os conceitos do mundo do cinema, sua estética e suas possibilidades de produção, utilizando-se de uma didática prática e conceitual.
Tendo como meta a discussão de uma temática social através da confecção de um documentário a ser realizado pelos oficinandos.


PROGRAMA DA OFICINA:

1º DIA: O que é cinema; os gêneros cinematográficos; os discursos imagéticos; a captura do real; as vanguardas cinematográficas; a importância política e sensibilizadora do cinema.

2º DIA: Fotografia; iluminação; filtros; movimentação da câmera; plnaos; transições; criação de seqüencias; captação de áudio; diferentes funções numa equipe cinematográfica.

3º DIA: Debate sobre a temática social; estrutura de um roteiro; formação da equipe de filmagem.

4º DIA: Edição de vídeo: formatos de vídeo; conversores; direitos autorais; cortes transições; trilha sonora; noção básica do programa de edição Windows Movie Maker.

5º DIA: Realização das filmagens.

Na VIla Cultural Brasil (rua Uruguai, 1656 - Vila Brasil)
Data: de 13/11 à 11/12 (aos sábados)
Horário: das 15h às 18h
Investimento: R$ 30,00
Público Alvo: jovens e adultos
Vagas: 15
Responsável: Luis Henrique Mioto
Informações: 3324-8056 / 8413-6960
Blog: www.ahoramagica.blogspot.com

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Terra Deu, Terra Come

* Título Original: Terra Deu, Terra Come
* Formato de captação: DVC PRO HD e 16mm
* Formato de exibição: HDCAM
* Duração: 88 minutos
* País: Brasil
* Gênero: Documentário
* Realização: 7 Estrelo Filmes
* Produtora Associada: Tango Zulu Filmes
* Distribuição: VideoFilmes

* Direção: Rodrigo Siqueira
* Colaborou na direção: Pedro de Alexina
* Fotografia: Pierre de Kerchove
* Som: Célio Dutra

* Produção executiva: Rodrigo Siqueira e Tayla Tzirulnik
* Assistente de Produção: Juliana Kim
* Pesquisa: Lúcia Nascimento e Rodrigo Siqueira
* Produção de frente: Marcelo Ferrarini e Roberta Canuto
* Produção de set: Ricardo Magoso
* Edição: Rodrigo Siqueira
* Arte e gráficos: Júlio Dui
* Finalização de imagem: Alex Yoshinaga
* Mixado nos estúdios: TIL
* Produção de Lançamento: Lívia Rojas e Michael Wahrmann
* Lançamento online: Felipe Pacheco

Terra Deu, Terra Come

O Filme

Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Com uma canequinha esmaltada, ele joga as últimas gotas de cachaça sobre o cadáver já assentado na cova: “O que você queria taí! Nós não bebeu ela não, a sua taí. Vai e não volta pra me atentar por causa disso não. Faz sua viagem em paz”.

Dessa maneira acaba o sepultamento de João Batista, após 17 horas de velório, choro, riso, farra, reza, silêncios, tristeza. No cortejo, muita cantoria com os versos dos vissungos, tradição herdada da áfrica. Descendente de escravos que trabalhavam na extração de diamantes, nas Minas Gerais do tempo do Brasil Império, Pedro é um dos últimos conhecedores dos vissungos, as cantigas em dialeto banguela cantadas durante os rituais fúnebres da região, que eram muito comuns nos séculos 18 e 19.

Garimpeiro de muita sorte, Pedro já encontrou diamantes de tesouros enterrados pelos antigos escravos, na região de Diamantina. Mas, o primeiro diamante que encontrou, há 70 anos, o tio com quem trabalhava o enterrou e morreu sem dizer onde. Depois disso, vive sempre em uma sinuca: para reencontrar o diamante só se invocar a alma de seu tio João dos Santos. “É um diamante e tanto, você precisa ver que botão de mágoa.” Ao conduzir o funeral de João Batista, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que nos põem em dúvida o tempo inteiro: João Batista tinha pacto com o Diabo?; O Diabo existe?; estamos sozinhos, ou as almas também estão entre nós?; como Deus inventou a Morte?

A atuação de Pedro e seus familiares frente à câmera nos provoca pela sua dramaturgia espontânea, uma auto-mise-en-scène instigante. No filme, não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro.

Terra Deu, Terra Come

Neste Domingo, dia 14 de novembro,
Ahoramágica convida para:

Possibilidade de encontro. Feixe em que caminhos se encontram. Intersecção.
Vereda, adentramos, tornamos a próxima esquina futuro próspero,
Nossas relações, nosso emaranhados, nossos cotidianos possam se tornar coletivo,
Isso é: compartilhar sonhos, fazeres, projetos, desejos, individualidades.
Pontos de Convergência são extremamente importantes para essas possibilidades:

Terra Deu, Terra Come dirigido por Rodrigo Siqueira, às 17:00hs
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=txxMiVja0FU

E antes...
Hermeto, o Campeão (1981) de Thomas Farkas, às 16:00hs

"Hermeto, da música quântica, do salto experimental,
Dos desenhos sonoros, da vida musical que existem nas coisas
E desconhecíamos"

Lá, na Vila Cultural Brasil, 1 6 5 6,
Esquina da Venezuela com a Uruguai:

- Salve a América Latina!

Entrada?
É de grátis!

MaIs, aceitamos convites mágicos...

www.ahoramagica.blogspot.com

cinemaiscultura

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mais um Domingo Mágico


Neste Domingo, dia 7 de novembro,
ás 16:00hs (quatro horas da tarde)
Ahoramágica convida para:

Kagemusha - A Sombra do Samurai (1980) de Akira Kurosawa

"A farsa, dissumular e falsear também são fazeres,
Papéis cotidianos que representamos, que nos re-inventam,
Mas nos reconhecemos nessas múltiplas facetas?
Não se trata de saber o que é verdade, o que é engano,
Mas se aceitamos ou negamos nossas próprias vidas..."



Lá, na Vila Cultural Brasil, 1 6 5 6,
Esquina da Venezuela com a Uruguai,

Salve a América Latina!

Entrada?
- É de grátis...

MaIs, aceitamos convites mágicos...

www.ahoramagica.blogspot.com

cinemaiscultura

Chama sobrevivente: loucura fecunda

Loucura, o cinema me salvou da loucura. Foste o amigo, o cão engarrafado, poetizado e projetado. Câmera, que nada tem de oculta, que desvela belezas, que aproxima os dedos das flores, que torna os odores surrealmente palpáveis. Nascente, fonte cinema, como o inexistente que era precipício torna-se real que não existia. O que me importa os espelhos? Entre o reflexo e a reflexão busco o gol de cobertura, derradeiro dos meus sonhos, sem os quais a vida pode prosseguir, com os quais mais do que mergulho e rema barcos lançaremos novo oceano: encontro da superfície com o movimento solar, onde se abre o foco que torna os nossos corações primeiros planos, que nos convida para o salto de nossas pequenas ilhas. Quântico: cântico dos cânticos, nos mostra que o profano é mais rico e miserável do que qualquer natureza sacra. Nos importa desbravar as veredas que nos indica o surrupiamento de si mesmos no profundo profano, profunda vasta superfície. Fomos roubados, leiloados, locados, desprovidos de um valor qualquer, valorosos em nossa pobreza: berço da nossa loucura infecunda. Encontrar o bico da fantasia na penumbra frutífera, depois de desfazer as sombras e tornar-se escuridão. Adentrar a chama de luz sobrevivente de paradeiros poéticos...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PRÓXIMA EXIBIÇÃO!

Neste Domingo, 31 de outubro...

Ahoramágica convida para:

Memória do Cangaço (1964) de Paulo Gil Soares - 16:00hs

"Mais um curta do Projeto Thomas Farkas sobre a Cultura Popular Brasileira. Recortes do Brasil, memória edificada, elaborada, que não é mero reflexo, nem só reflexão. Ora desconstrução, ora poetização de um país que seja lampejo a nos adentrar, se é assim ou não cabe a cada um de nós saber"



Salve o Cinema (1995) de Mohsen Makhmalbaf - 17:00hs


"O que nos importa o que seja o cinema? Em que veia, em que víscera, em que caraminhola nos sentimos fisgados? Seduzidos, interpelados por linhas de fuga cotidianas poéticas-imagéticas-sonoras, será um meio de buscar vida na bruta vida, vida bruta?"



Lá, na Vila Cultural Brasil, 1 6 5 6,

Esquina da Venezuela com a Uruguai

sábado, 16 de outubro de 2010

cinema-seta

Mas andaram dizendo que um certo famoso cineasta e critico de cinema – do qual não citarei o nome porque ainda nem vi, nem li livros inteiros dele, apenas retalhos, e não quero propagar estigmatizações ou rótulos – abominava a utilização de música não diegética no cinema. Segundo o crítico, a música “[...] isola seu filme da vida de seu filme (deleite musical). Ela é uma possante modificadora e até destruidora do real, como álcool ou droga”. Andam dizendo, inclusive, que isso são palavras dele, não o conheço, mas o assunto aqui não julgar o crítico, mas disparar um campo temático.
Posso citar aqui duas formas de se compreender os efeitos do uso de drogas, uma delas apontando-as como “embaçadora” da realidade, como folhagens que impedem de ver o quintal do vizinho, um cisco no olho, um vapor na vidraça, as drogas como impeditivos, como afastamento do contato com o real, o real que já estávamos tão próximos e que com as drogas nos distanciamos e ficamos perto de uma “alucinação”. Drogas como “alucinógeno”, como “destruidora do real”. É neste modelo “alucinógeno” das drogas que esse famoso crítico se serve pra fazer a crítica ao som não diegético, como se este fosse um embrolho, um alucinógeno, um embaçador. Montando o filme brincando apenas com os diegéticos, numa sinfonia de ruídos realistas, acessaríamos mais o real, não acrescentaríamos cores artificiais em sua constituição, manteríamos o olhar atento no maravilhamento de um real presente e que deve ser exaltado como tal, cinematografando assim... sem arestas e embaçadores, focando os detalhes do real (sem floreamento) prestaríamos mais atenção e nos encantaríamos com a peculiaridade e poesia que o mundo cada vez mais nos revelaria.
Mas tem o modelo de compreensão dos efeitos das drogas como abridoras de níveis diferenciados de realidades, níveis aqui presentes, mas em outro tom de sutilidade. Como para os ancestrais, as drogas não são drogas, são portas de acesso para sentirmos planos em que sempre estivemos emergidos, mas que nunca nos demos conta, como se estivéssemos dormindo. Chamar tais “portas” de “alucinógenos” seria fugir, por preguiça ou medo, do encontro com estes níveis e é compreensível a fuga, pois tais novas aberturas balanceia toda a estrutura racionalmente conhecida e familiar, daí se proteger chamando o novo mundo que se apresenta de “alucinação”, um momento de auto-engano do já conhecido. Mas temos que sair da casinha para conhecer, dizem os ancestrais.
Como ficaria, assim, um cinema-portas, entendendo tais recursos não como alucinações ou destruições do real, mas como dedos apontadores de um mundo imensamente mágico? Cheio de gigantescos planos mais sutis, que o cinema, com seus recursos e palavras-mágicas, podem colaborar ao nosso acesso, como um nativo dos novos mundos que se quer visitar e que nos abre os caminhos, apresentando seus percalços, suas durezas, suas cachoeiras e horizontes, suas florestas densas, nos acolhendo, sempre desconfiado e nos recepcionando, nos anunciando aos moradores e protetores destes novos campos que acessamos? Um cinema-aldeão, um cinema desentupidor de armadilhas? Desatador de nós?
O som não diegético entra mesmo como um estranho naquilo que é conhecido e reconhecível. Recria ativamente o ambiente da cena vislumbrada, isso através de uma montagem de um feiticeiro que recolhe símbolos (imagens e sons) que estavam cada um em sua dispersão e os aglutina numa poção mágica (cena) que explodirá no caldeirão, uma poção singular, inédita, estranha, desequilibradora daquilo que está. Faz tremer, pois revela que as combinações são infinitas e que o infinito então existe e que o potencial de criação é muito maior, sempre maior.
Uma combinação não diégetica pode tocar em níveis irreconhecíveis, nada familiares de bate-e-pronto, atinge então aquilo que estava desprevenido, sem guardas, chega como um estrangeiro e toca nos níveis não endurecidos e contamina, amolece as couraças.
Por fim, o cinema nunca irá filmar o real. Nem venha com essa de limitar os artificialismos da montagem cinematográfica! Pensando que assim há mais possibilidades de captura do real! O cinema cria símbolos, mescla-os, amplia o leque de símbolos no mundo para que possamos, lendo-os, nos aproximar cada vez mais de nossa verdade mais profunda. O que ainda digo é que tais símbolos no cinema são extremamente gritantes aos nosso ouvidos entupidos, sua carga destravante pulsa alto naqueles filmes imensamente sensibilizados. O cinema não deve ficar procurando filmar o real, mas assumir seu destino e potência de seta para o invisível, de placa indicativa do caminho para o imenso nada.
Vila Cultural BRASIL e Ahoramágica, apresentam:



“O samba bom começa agora
- O samba bom começa agora
Valha-me Deus e Nossa Senhora
- Valha-me Deus e Nossa Senhora...”

Domingo dia 17 é dia de Samba da Vila! Um evento para celebrar a cultura popular com muita música, danças, culinária, cinema e artesanato.

Um dos objetivos do Samba da Vila é reunir tocadores e cantadores de samba num encontro descontraído entre amigos. Vilma Santos, a Yá Mukumby, um dos nomes mais importantes em Londrina quando o assunto é cultura popular e movimento negro, comandará o samba de roda. Tião Carvalho, maranhense, mestre de bumba meu boi e referência em cultura popular, juntamente com o sambista Braguinha e outros amigos ilustres é esperado enquanto convidados especiais para abrilhantar ainda mais a festa.
Na parte culinária do evento, o caldinho de peixe é a atração principal, preparado a partir de temperos da culinária baiana, será servido acompanhado de pimenta, farinha e rodelas de pão integral caseiro, também disponível em outros formatos para venda.
A programação começa às 16h com sessão de cinema do Cineclube Ahoramágica exibindo seis curtas-metragens sobre samba e sambistas que fizeram e ainda fazem história. Na seqüência o Bumba Meu Boi "Estrela da Vila" e para finalizar o samba de roda.

A entrada é franca!

A Vila Cultural Brasil é um projeto patrocinado pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura).


Mais informações: 3324-8056 / 9924-3593 / falecombrasil@hotmail.com

Local: Vila Cultural Brasil (Rua Uruguai, 1656 - Vila Brasil)

PROGRAMAÇÃO AHORAMÁGICA NO SAMBA!!!!!!!!

16H – CURTAS-METRAGENS: SOBRE O SAMBA:
"Jackson do Pandeiro" (Rosa Magalhães, 2007)
“Partido Alto” (Leon Hirszman, 1976)
"João Nogueira: Carioca suburbano, mulato e malandro" (Jom Tob Azulay, 1979)
"Nelson Cavaquinho" (Leon Hirszman, 1969)
"A cuíca" (Sergio Muniz, 1978 – projeto Thomaz Farkas)
"Nossa escola de samba - Vila Isabel" (Manuel Horácio Gimenez, 1965 – projeto Thomaz Farkas)

17h30 – BUMBA MEU BOI - "Estrela da Vila"
19h30 – SAMBA DE RODA – com Vilma Santos e convidados

segunda-feira, 4 de outubro de 2010



FLYER OFICINA DE CINEMA AHORAMÁGICA

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Curso básico de produção cinematográfica

Curso básico de produção cinematográfica - Ahoramágica
de 18 a 22 de outubro - na Vila Cultural Brasil.


O curso tem o intuito de introduzir a linguagem cinematográfica e o mundo que cerca tal linguagem aos jovens, procurando fortalecer as formas de expressão, criação e discussão das realidades em que tais jovens se mesclam. Para tanto, apresenta-se um contato com os conceitos do mundo do cinema, sua estética e suas possibilidades de produção, utilizando-se de uma didática prática e conceitual. Tendo como meta a discussão de uma temática social através da confecção de um documentário a ser realizado por uma equipe de cinema formada pelos jovens oficinandos que participarão do curso-oficina.

Responsável: Luis Henrique Mioto
Historiador formado pela Universidade Estadual de Londrina, Mestre em Educação pela mesma instituição, coordenador do grupo de estudos sobre cinema “Ahoramágica” que desenvolve seu trabalho há cinco anos (atualmente o grupo de estudos estabeleceu uma parceria com a Vila Cultural Brasil, onde realiza suas exibições e debates) e cineasta. Já confeccionou quatro curtas metragens e atualmente está desenvolvendo um quinto curta-metragem de roteiro e direção própria. Desde o início de 2009, vem aprofundando seus conhecimentos em oficinas de introdução conceitual do mundo do cinema para estudantes do Ensino Médio e Fundamental, tendo realizado oficinas nas cidades de Londrina, Ibiporã, Rolândia e Dois Vizinhos.

Inscrições abertas.
Investimento: R$ 30,00.


RESUMO DO PROGRAMA:
-O que é cinema; os gêneros cinematográficos; os discursos imagéticos; a captura do real; as vanguardas cinematográficas; a importância política e sensibilizadora do cinema; discussão conceitual da temática do documentário: fotografia; filtros; movimentação da câmera; transições; criação de seqüencias; captação de áudio; iluminação; cenografia; diferentes funções numa equipe cinematográfica; estrutura de um roteiro; formação da equipe de filmagem; noções básicas de edição de vídeo: formatos de vídeo; conversores; cortes transições; trilha sonora; noção básica do programa de edição Windows Movie Maker.
-Estruturação de roteiro e filmagens.
-A edição fica sob responsabilidade do oficinando.
-A estréia do documentário ocorrerá no espaço da Vila Cultural Brasil, na sessão do grupo de estudos do cineclube Ahoramágica.

CARGA HORÁRIA:
Encontros diários de 4 horas, totalizando 20 horas de oficina. Das 14:30 as 17:30.

RECURSOS DIDÁTICOS:
Material trazido pelos oficineiros:
Aulas expositivas e práticas; Vídeos didáticos; DVDs de filmes; Câmera fotográfica digital; Câmera de Vídeo Digital (Canon HG10); Tripé de câmera; Equipamentos de iluminação (lâmpadas, spots, pedestais, fios); Microfones.

Material exigido do oficinando:
Caderno para anotação e caneta.


MAIS INFORMAÇÕES:
Vila Cultural Brasil: (43) 3324-8056 begin_of_the_skype_highlighting              (43) 3324-8056      end_of_the_skype_highlighting
Luis Henrique Mioto: (43) 8413-6960 / luismioto@yahoo.com.br

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO AHORAMÁGICA

"A caça ao Leão com arco" (Jean Rouch, 1965) & "Hermeto, campeão" (Thomas Farkas, 1981) - 05/09

"Zorba, o Grego" (Michael Cacoyannis, 1964) & "A cantoria" (Geraldo Sarno, 1971) - 12/09

"O Pequeno Buda" (Bernardo Bertolucci, 1993) & "Eu carrego um sertão dentro de mim" (Geraldo Sarno, 1980) - 19/09

"Nunca Aos Domingos" (Jules Dassin, 1960) & Exibição de curtas realizado pela Ahoramágica criações - 26/09

Na Vila Cultural Brasil (Rua Uruguai, 1656 esquina com rua Venezuela - Vila Brasil - Londrina - PR)
Sempre aos domingos... 16 horas...

Resposta a que tanto Buda

Concordo com Don Mioto, sobre a perda e não quebra de ritmo que acontece no filme, isso provavelmente aconteceu por conta de quem banca a produção e cobra que os prazos sejam cumpridos. Mas o filme demonstra um grande potencial, inclusive já revelado do senhor Bernardo Bertolucci e do ilustríssimo Vitório Storaro (diretor de fotografia), contudo, fiquei especialmente tocado pelo Eu Tenho um Sertão Dentro de Mim, principalmente pelo texto do Guimarães Rosa, ou Guimarões. Pensei em algumas coisitas quando estava indo para o Lauro Gomes, hoje cedo, lendo o Grande Sertão: Veredas, obra belíssima, prenhe de cotidianos que se sente o cheiro, o odor, o perfume e o fedor:
Lê um livro só com os olhos? Vê um filme só com a vista? E a chuva, o que fez com ela? O que dela faz? Eu tenho as mãos sujas de amora, um passeio que foi plantado na tarde, as folhas que interpelaram a trilha dos meus passos, o vento canta na orelha da gente, um assobio grave que eleva o coração à infinetésima potência. Vai, se lambuza com esperanças, sente os sonhos percorrerem o rio, e a terceira, e a quarta, e a quinta margem, onde o barco aporta, onde o porto é rede, muito mais abraço do que chão, muito mais calor do que segurança. Peito, instrumento principiante, garganta lacrimeja cantoria, disparo finda riso de criança. "Viver é um negócio muito perigoso". Encontrou uma porta aberta, muito mais que uma abrigo, adentrou uma hora mágica, mas até o encanto carrega feridas, podemos até cicatrizar, mas ninguém sara definitivamente da vida. Cada suspiro nos aproxima do fim, não sabemos até quando ficaremos, sentimos o momento do gozo que dura uma aurora, um pôr-do-sol, uma semente noturna, uma madrugada insône, instante em que pensamento, coração, mente, corpo, cérebros, veias, vísceras se encontram, já não nos sentimos partidos. São lugares epifânicos que duram uma eternidade, a eternidade finda, isso poucos entendem. Não é o chá que sobrou da chícara que nos interessa, é o conteúdo perdição das mãos que nos intriga. A vertigem é inerente ao salto, o tormento é expressão do ato medroso, ainda assim, desafiamos o medo, convidamos a cautela para dançar, escapamos dela e convertemos o cuidado em carinho. Apanhamos flor, sim, para degustar o cheiro, colocamos pedras no caminho, sim, desatamos numa briga de amantes com a vida como os ponteiros sentem a dor agônica da hora não marcada. A hora do silêncio que dura a medida da nossa ansiedade, porém, é próprio da ansiedade se fundir com paixão, ser assim desmedida, é assim que o pensamento é confrontado, que as idéias que formamos sobre as coisas são chamadas pra jogar. Ás vezes perdem, a vida carrega um ás na manga, um coringa, Erasmo sabe disso. Caminhos dóem de tão bonitos, caminhos dóem de tão tristes, aprender é mudar. Disso, que Sidarta soube, a gente aprende na levada cotidiana, nos breques e nos atropelamentos, com um soco no estômago, uma carícia, um beijo, de arame farpado, de desejo, de amor. A saudade, cânone do amor que nos encaminha, assim, muito mais do que sina, possibilidade de virar e revirar, sairá uns trocados, a gente pelo avesso. Fazer da linha de fuga, salto quântico, cântico da hora que não se sabe o nome do nome, que demonstra o quanto o sagrado é terrível e belamente profano. Profanos, padecedores, apaguemos as luzes, o sol já baixou, temos apenas o convite dos olhos, el latido humano, dentro do nosso sono, quebrante do ritmo solitário...cadência...cadência...

que tanto Buda?

escrito após a exibição ahoramagiquenha de "O pequeno Buda" de Bertolucci.

limpe o canal do nariz, soe, forte, os dois. numa posição segura e relaxada, esqueça tudo que veio, o que dói deixa doer, sinta ali como dói e deixa doer, perceba como é engraçado a dor, o desconforto, a necessidade de ficar se mexendo todo tempo, mas não se mexa, resista que o corpo desiste, foca numa coisa simples, como a respiração, deixa as coisas da mente vir e não segure-as, deixe-as passar, não se identifique com elas, deixa ir, e vai vir cada coisa que nunca veio porque você não deixava, mas quando vir deixa continuar fluindo. quem que fica? um observador, diriam muitos, eu prefiro um "sentidor", que é mudo, sereno, só brilha, tá bem aí, muito próximo, é bem simples encontrá-lo, não tem muita complicação não, pode ir, silencie, vai num lugar onde se ouve o vento (não é?) e pare o mundo. bem encima da cabeça surge um vazio potente, dá uma sentida ali, se assustará, não se identifique... continue porali... é a senda... ouça a coisa mais longe que consegue... agora a mais perto... ouça esse zumbido... respire profundamente, só respirando que agente encontra agente mesmo... daí pra frente agente conversa.
tem outros assuntos no Pequeno Buda... a reencarnação... a morte... a iluminação... os tibetanos dão risada de quem pensa que se trata de uma crendice, ou alucinação... acreditando ou não, essas coisas existem, não dependem muito do que você pensa. porque pensamento é algo longe disso tudo. é formulação e mutável, segue um paradigma e dentro dele uma lógica frágil, quebrável num tapa. mas nem por isso esse tal de "pensamento" não deixa de ser arrogante e formular a frase: isso aí é um erro... esses que se retiram pra pensar nesses enigmas estão todos doidões, todos não sabem de nada... sou eu quem sabe. eu. esse pensamento que nunca pensou direito sobre isso e mesmo que tivesse pensado só se complicaria mais com as soluções lógicas frágeis. nada é lógico num mundo divino. o que temos é um grande, pesado e empoeirado pano de ilusão: a racionalidade, que nem nos deixa interessar por temas supremos. ah... quanto tempo demorará essa nossa petulância? quantos caminhos que só tem sentido pra um apenas terão de ser cavados e desmoronados ainda? todos estamos dentro do mesmo barco labiríntico, rumando pras mesmas questões. formulá-las corretamente já é uma grande remada, perceber que muitos outros já tentaram é outra grande remada n'água.
e a fotografia do filme é tão vasta e tanta que o Bertolucci teve que cortar veloz... teve que acelerar a poesia... se não fosse um filme pra vender agente ia ver como que se confecciona fotos... essa história merecia mais coragem de assumir sua lentidão... afinal, o assunto e as imagens ali são pra serem focadas por toda a vida.

BudaMoney

Eu quero uma magnum 44
Sou a insensatez do todo
A insatisfação do tolo
A ignorância do perverso

Perdão, sou a industria
Que de cultura não tem nada,
e que nem um buda aguenta!

Resposta a caça ao leão

Apesar da sagacidade e poderes do felino Americano, três dos seus caíram, vencidos pela astúcia humana. Quantos ritos, mitos, simbologia, feitiços, canções, rastreamento, consulta aos búzios e as estrelas, técnicas são necessários para se matar um Leão tremendamente mau que gosta de matar os rebanhos? e por onde anda o Leão invisível, agora? Se preparando para o rebote?
A história perambula entre o real e o imaginário, a ciência e a poesia. O documentário etnográfico segue nos caminhos da narrativa poética para descrever a história-fábula dos caçadores Songhay.. que vingam as perdas dos estimados gados dos pastores nômades... Prepara-se o veneno para untar as flechas num longo ritual.. "o veneno da fêmea é mais forte que a do macho", a sentença causa estranhamento. Por que esse sentido ambíguo da mulher, heim? Por ela as vezes ser reimosa, com seus humores glutinosos? Tal sentença é repetida diversas vezes. "Não se pode matar o leão zangado": entoam alguns dizeres para que o filhote de leão debilitado se acalme, ele caiu numa armadilha. Quem irá atirar no leãozinho? Pode-se perder um filho naquele ano. "Uma leoa vomita a própria morte", a cena é forte. O caçador dá tapas na cabeça da fera sem vida, pois é preciso liberar sua alma. O ritual de sacrifício é feito com pedidos de perdão e agradecimento. Em se pensar que matamos uma formiga ou qualquer outro bicho sem cerimônias. A façanha é contada e encenada às crianças que escutam com os olhos arregalados ao som de Gawey-gawey, a canção que encoraja os caçadores de leões, o pequeno violino monocórdio embala o documentário-ficção.

Caça ao leão invisível

Escrito após a exibição ahoramagiquenha da "Caça ao leão com arco" de Jean Rouch.

o americano não caiu. ficou. ninguém nem nunca viu ele. os caçadores na feitiçaria alcançaram um amuleto pra invisibilidade. o americano é invisível quando quer. e ele é só um. aprendeu tudo aquilo que sabe não se sabe de onde. que documentário-cinema-etnografia conseguiria mostrar-nos de onde vem tanta sagacidade? sutilidade felina? é um ser maravilhoso, mágico, imenso, que aqueles feiticeiros-guerreiros e sua comunidade convivem... convivem com girafas correndo em manada, logo ali depois do rio tem animais quatro vezes maior que você... agente aqui tem medo, nojo, sentido de domesticação de rato, formiga, rottweiler... lá o branco dos olhos são amarelos, atentos, vivos, pois ali tem uma girafa correndo e mais pra frente um leão absolutamente poderoso e que está afim de enfrentar-nos, romper os acordos... coragem é algo básico, já pré-requisito pra viver como guerreiro, outros são viver e fazer impecavelmente tudo, inclusive respeitar e cultuar aquele que te ataca, entoar cânticos que acelerem o processo da morte, recear milimetricamente a criação de um veneno, interpretar as mensagens deixadas pelo leão, ler os símbolos da Terra e dos caminhos, como-onde-quando a armadilha arma-se e tudo, inclusive impecável ao caminhar, falar sobre. estamos muito longe disso tudo, mas esse filme existe e nos mostra feitiçarias. o americano continua rondando todo o território que lhe cabe, deve estar puto por que o filho caiu, e duas das amadas caíram...
ou ele doou-os como uma trégua? mas, mesmo que não estejamos o vendo, ele está aí... em algum lugar... nos mirando... sentindo nossas ações, nos farejando e nos interpretando. o que será que está planejando? qual será sua próxima provocação?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Distinção entre novela e cinema

O cinema, como é sabido, surgiu antes da novela, ou melhor, da telenovela. Para alguns, como Arlindo Machado, o cinema data da considerada pré-história, para a maioria, como Jean-Luc Godard, o cinema nasceu no final do século XIX, como uma modo de expressão extremamente concatenado à indústria, possível no interior do modo de produção capitalista. É importante nos lembrarmos que o cinema antecede a televisão, ainda que esta tenha sido muito mais presente nas nossas vidas, já que nascemos na década de 80, momento em que as videolocadoras começam a profilerar, assim como, a velocidade e a força física demonstram sinais de tendência predominante no futebol. Não podemos negar, contudo, que mesmo em ambientes alternativos à salinha escura é possível apreciar belíssimas obras cinematográficas, como também, a maneira como a televisão venho a se diferenciar da produção cinematográfica e, inclusive, a influenciá-la, e vice-versa. Para compreender essa relação, se é que temos coragem de sustentar as nossas afirmações ao considerarmos um filme um grande novelão, até porque - coragem é algo de difícil de ter, mas muito bonito de ver num lugar longínquo habitado por caçadores de leão - é preciso contemplar as peculiaridades, as singularides, as especificidades desses dois modos de manifestação.
A tele-novela, se não me engano, é oriunda do final da década de 60, muito colada ao nascimento da própria televisão, usa-se o termo tele, não por acaso, mas porque já existia naquela época foto-novela e, também, romances folhetinescos, como é o caso, por exemplo, da Engraçadinha do excelentíssimo e magnificiente Nelson Rodrigues. Os folhetins, por sua vezes, não foram iniciados no século XX, mas no século passado, um dos momentos de sua maior expressividade foi durante a fase do romantismo, lembra-se de José de Alencar? Pois é, escrevia romances folhetinescos, algo muito comum naquela época. Mas a tele-novela, caríssimo senhor, não bebeu apenas desse romantismo mais meloso, foi e ainda é extremamente influenciada pelas tragédias gregas, pelos épicos e por algumas perspectivas holywoodianas cinematográficas. Consideremos, também, que Holywood é, como muitas coisas na vida, extremamente heterogêneo e diversificado, e que seria um grande equívoco da nossa parte dizer que John Huston, John Ford, Howard Hawks, Charles Chaplin, Alfred Hitchcock, entre outros, são a mesma coisa. Da mesma maneira, que ao afirmarmos o nosso desgosto pela tele-novela, seria importante reconhecer, também, o nosso desconhecimento sobre o assunto, ou, pelo menos, saber reconhecer que O Bem Amado e O Roque Santeiro não são a mesma coisa que o Caminho das Índias, caríssimo camarada.
No entanto, mesmo que cinema e novela sejam coisas extremamente diversificadas, tenham, em algum momento de suas existências, se implicado, existem distinções gritantes no sentido da intensidade, do conteúdo, da fotografia, da trilha sonora, da direção, da atuação e do enredo. Uma novela pode ter os seus rumos mudados se o público assim quiser, ainda que não seja necessariamente um teatro-fórum. Não há problemas para a rede Globo em solicitar ao autor da novela que alterne o deselance da sua estória, já que a telespectador não está contente com ela, pode até matar um personagem. Isto, porque sabemos, as novelas não duram apenas 10 minutos ou, então 2 horas e 20 minutos, são meses de capítulos, de segunda à sábado, pode ser muitos meses caso renda um bom íbope, pode ser pouquíssimos meses, caso renda pouco íbope. É importante destacar essa interação: no âmbito televisivo, bom é igual a muito, ruim é igual a pouco, pouco pode até ser bom, mas como uma primeira experiência, digamos...programa piloto.
Um filme também pode ter seu roteiro modificado, inclusive durante a filmagem, seja por impossibilidades que surgiram ao longo da produção do filme, seja pelo descontentamento de quem está bancando o mesmo e pretende lucrar com ele. Necessariamente, não é preciso que se faça roteiros para fazer cinema, nos lembremos de Avant-Garde, Cinema Surrealista, Dziga Vertov, Trilogia dos Qatsi, Baraka, e de todas as obras plenamente audiovisuais. Porém, ainda que Vertov tenha afirmado a peculiaridade cinematográfica na sua ruptura com outras formas de arte como a literatura e o teatro, isso não quer dizer que o cineasta russo tenha produzido obras autenticamente artísticas, isso não quer dizer que obras autenticamente cinematográficas sejam autenticamente artísticas. Não se trata apenas de forma, mas de conteúdo. A forma se torna pobre se a obra carece de conteúdo, vemos apenas um bom manobrista, mas falta visceralidade, tormenta, paixão, neblina, multi-sonâncias, etcétera.
Mesmo no cinema narrativo, que bebeu demasiado da crônica e da literatura, é possível encontrar obras de valor artístico, ou próximo disso, pois toca a vida, as estranhas e as entranhas, as vísceras e as paixões, pulsa para adiante, compartilha sonhos, têm sentido prospectivo, pois se não procuramos na arte qualquer coisa que seja potencializadora, então como podemos afirmar amor à vida, ou, mais ainda, como podemos afirmar que queremos continuar a viver, ou não queremos? Desejamos findar ao entardecer? Para muitas pessoas é difícil enxergar o que é HappyEnd, é complicado discernir entre um descontentamento com o Final Feliz de uma expressão fílmica e a busca de felicidade em um novo devir. No HappyEnd tradicional, estereotipado, o vilão perde, o bonzinho ganha, as fronteiras entre o mal e o bem não nitidamente expostas, os fracos são perdoados, os fortes são complacentes e as mulheres mais lindas são, também, as mais poéticas e românticas. No final feliz, no sentido de potencializador, afirma-se que ainda é possível viver, ainda é possível tentar de um outro jeito, mesmo
que a mãe de Ponette não volte,
que o seu possível novo amor tenha ido embora,
que o seu projeto tenha sido um fiasco,
que a mulher pela qual você se apaixonou tenha morrido,
que o leão americano que você caçou tenha escapado,
que a filha que você acabou de descobrir tenha falecido,
que você e sua mãe tenham sido despejados porque não pagaram o aluguel,
que a lei de Murphy tenha se concretizado e tudo, ou quase tudo, deu errado,
A força de Zorba não está em não morrer, está em encontrar algum motivo para viver, mesmo que não possa evitar a morte. Ele tenta salvar a jovem viúva, ele consegue por um instante, mas nem que tivesse a força de dez homens e olhos nas costas, poderia ser plenamente bem sucedido, nem que tivesse usado cinqüenta taças de vinho. Porque dançar se nada saiu como planejado, se a impecabilidade foi impossível, ou ela apenas não ocorreu? Já deu uma olhada bem de perto no abismo, já viu como ele se parece com o infinito? Já utilizou o infinito como medida para a dor? Não é a propaganda de margarina - anunciante de qualidade de vida - ou uma bela caminha na beira do lago, ou algumas braçadas na piscina que nos fará dormir mais tranqüilos, que espantará a insônia. Zorba disse:
- Quando meu filho morreu, muitos choraram, eu dancei, eu explodi.
Explodiu para que um feixe alcançasse o coração do meio inglês, meio grego, encantamento que assustou o mesmo inclusive. Estrangeiro que temeu a jovem viúva, a paixão, demasiadamente a paixão, mas, com as mãos fechadas, os punhos cerrados, da mesma maneira que segurava as correntes de suas travas, alcançou a pele da moça para exprimir aquilo que escapa às palavras:
- Ensina-me o amor, ensina-me a amar...
"Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar",
Precisamos aprender os mistérios do mundo, juntos, eu diria à minha amada.

Zorba e a cueca


...um rio navegado me ensinou o ludibriamento. mas e pra usá-lo por uns dias tenho de saber que podem ter consequências... mas quando o ludibrio é pela poesia, vai fundo que a providência colabora... volto pra casa tranquilo e gargalhando, usando da poesia que Zorba lembra pro mundo que existe... provoco incomodações com ironias postas que fazem barbados tremerem o olho, coçarem o buraco do nariz e confundirem as opiniões... a discussão tem de ser provacada, ahoramágicos, e numa ahoramágica ela vem de onde menos se espera... pega no contra-pulo... irrita e confunde e assusta pra que se digam e se constrapunha e se ponham... Zorba, o the greek Alexis é duma estupenda feitiçaria (e narrativa sim, longa e saborosa), nem vi as duas horas e vinte passando e aqueles atores são gigantescos e o diretor do lado... mas o roteiro pra mim nem é um roteiro, mas um mapa de conceitos pra falarmos sobre o que estamos vasculhando... cada personagem e cada uma de suas bagunças é uma fábula demonstrativa de como pode ser discursado e posto em roda a temática "sensibilização"... ali se vê as travas, a interpretação de um sujeito sufocado pega nas entranhas, sufoca quem vê, dá aquela vontade de pular dentro da tela e bater na nuca do cara pra que faça qualquer coisa de coragem, que perca o medo, que perca tanta frescura com seu topete... ahhhhhhhh! malditos, ela é linda e voceis querem passar a faca em seu pescoço porque é a riqueza pulando e gritando e isso não é suportável num mundo contido e moralizado até as pontas da hipocrisia... faz alguma coisa... ahhhhhhhhhh! Zorba!!!!!!!!! aparece... Zorba!!!!!!!!! que cena representativa das relações esvaziadas e medrosas e moralizadas que nos impedem de conhecer a nossa chama azul e de tocar as chamas azul daquele que está bem ali... dá vontade de vomitar nosso entupimento, que cena terrível de se mesclar... mais, mais, mais, Zorba é o pai e o amigo que ensina a rebeldia, os desvios, ainda bem que ele existe pra quando eu tomar coragem de ele me ensinará os passos de dança... só acredite em deuses que dancem! Agora, tem aquela cena que ele consegue driblar os entupimentos e entra em um fio de breve embriaguês no quarto da moça de olhos imensos!!!! ela é a mãe, ele não consegue ser homem, ele não cresceu, só é um meninão, com dinheiro... "me ensina mãe, eu nem sei onde fica o meu coração quanto mais o de uma mágica como você, com esses olhões!"... ele tinha ali uma maneira de contruir um chão familiar... com pai e mãe... mas que chão torto!... já muito bagunçado e atrasado...! agora tem de crescer no susto e vai ter muita dor se não aprender a explodir, dando gargalhada da seriedade da sua vida e de como se construiu... foi sábio por fim... explodiu na primeira oportunidade que apareceu após o desastre do assassinado de sua mãe-com-quem-tem-de-se-deitar por causa de sua inanição de vizualizar o seu próprio brilho azulado! mas ali também foi muito fácil, a seriedade foi abaixo de uma maneira muito engraçada e fantástica... e não tem pra onde fugir, vai ter de plantar bananeira junto com o Zorba... ou, se quizer, a escuridão de um buraco que nem o mais travado gostaria de entrar... as contigências e fluxos que Zorba, irresponsável, armou confeccionaram caminhos tão abertos que não se pode mais distinguir onde está a guia. ...e o respeito pelas doideras de cada um e das que vão se impondo na vida do personagem Zorba... esse aí carrega uma placa indicando pra divindade presente nesta dimensão, onde os homens criam cinema e põe no nosso nariz histórias que nos lembra dos descaminhos necessários e dos caminhos esquecidos. Taí, ahoramágicos... onde a poesia dialoga com a provocação. Por onde esse diálogo escorrega o caminho é engraçado e não se é fácil o diagnóstico quadrado, nem o reconhecimento tão veloz, escorre-se pelo dedos, mais firmeza mano! Esse filme é um campo conceitual... um ABC... uma cartilha pra gente continuar no domingo que vem e nos outros e záz, záz...

e para baixar a trilha sonora do Zorba, the greek: http://www.4shared.com/get/1OqylrIn/Zorba_The_Greek_-_Original_Sou.html

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

todos temos um

Quem está aí?
Que dá crédito ainda ao tempo,
que agora imagina
e se sente só ou completo?
O que mira, quem é?
Estou tentando caguetá-lo.
Do que é feito este por
onde transpassa as substâncias
e que ainda fica,
não corre, não muda, nem se muda?
Que está sempre aparecendo cada
vez mais e com o sorriso
sereno eterno toda vez diz mudo: sempre estive aqui.
O que é este? Que vive em todas camadas
do mundo de uma vez só?
Que reconhecemos quando pulamos na frente
do medo e lhe damos um susto?
Aquele susto de perder o controle
e a desesperadora estagnação do entendido.
Onde esté este que fica quando tudo
o mais vai embora?
Este que estudo o enigma, quem é?
Quando o vir, ele já era você desde o sempre.
Desvendando quais são as missões, se embaraçando nas dúvidas,
adimitindo que tudo é maior.
Carrega sacos de pó mágico em seu sinto,
acumula feitiçarias e palavras
coletadas nas duras caminhadas de sensibilização.
Tomara que sempre use suas poções
para estalar fendas
em amor entupido.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO AHORAMÁGICA

"A caça ao Leão com arco" (Jean Rouch, 1965) & "Hermeto, campeão" (Thomas Farkas, 1981) - 05/09

"Zorba, o Grego" (Michael Cacoyannis, 1964) & "A cantoria" (Geraldo Sarno, 1971) - 12/09

"O Pequeno Buda" (Bernardo Bertolucci, 1993) & "Eu carrego um sertão dentro de mim" (Geraldo Sarno, 1980) - 19/09

"Nunca Aos Domingos" (Jules Dassin, 1960) & Exibição de curtas realizado pela Ahoramágica criações - 26/09

Na Vila Cultural Brasil (Rua Uruguai, 1656 esquina com rua Venezuela - Vila Brasil - Londrina - PR)
Sempre aos domingos... 16 horas...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mais um sobre Ponette

Ponette. Ponette me fez lembrar das pessoas virgens de ‘maldade’, que almejam coisas tão simples e paradoxalmente impossíveis. Me fez pensar também que são poucas essas pessoas, e que na maioria são crianças. São raríssimos os adultos.

Rememorei tempos de minha infância, das fantasias que criávamos sobre o mundo e sobre as coisas. Eram fantasias fantásticas, mas, que atingiam o impossível, ou, ao menos, era o que acreditava.

Ponette queria ver a mãe novamente, mas, foi freada por um trágico acontecimento. Quiça, ela gostaria de ver a mãe novamente para deixar de ter, na mente, aquela última expressão da mãe entre as ferragens depois do acidente. Mas, para os outros, cabia apenas um remédio, aceitar que os que morrem não voltam mais. Resta apenas o desvirginamento de mais uma pessoa, que as duras penas, entrará para o mundo onde o impossível jamais poderá ser alcançado.

Quase não lembrei que Ponette era uma personagem, me tirou o fôlego a interpretação da pequena...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Divagações 22.08.2010

Estranhar a morte

Logo após assistir o filme “Ponette”, fui tomar um vento e respirar um pouco depois daquilo tudo que ouvi e visualizei naquela tela, na saída o Sr. Paulo, que mora dentro de um carro estacionado perto do local onde assistíamos o filme, dirigiu-me a palavra e pediu um pedaço de papel para enrolar o seu fumo - “paiero”. Fui procurar, o pedaço de papel, achei e o entreguei a ele.

Derrepente, assim que entreguei o papel ao Sr. Paulo, ele começou a contar que ele era um assassino e que matou um pessoa, mas foi preso em flagrante, ficou 10 e 4 meses preso e agora estava ali diante de mim. O mais surpreendente foi que ele me contou os detalhes do assassinato, contou o porquê, como fez e o executou.

Diante da morte em seus mais diversos aspectos numa tarde de Domingo, entre tantos acontecimentos, a morte sempre é um assunto sedutor, tanto no filme “Ponette” como também na história o Sr. Paulo, um andarilho que foi um assassino, ela nos aparece como mistério e as vezes como horror. Contudo, lembrando da morte, também lembramos da vida e seus belos horrores.

Diante da ilusão de um mundo imaginário
Fomos corrompidos na ilusão de tantos conceitos
Que até nos tornamos derivações
De um bizarro mundo insensível
Onde nascem e são assassinadas diariamente
Milhões almas

Divagações Sem Lógica 22/08/010 Domingo anoite

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Para uma louquinha simpática

Queria desvendar os mistérios da morte, saber para onde vão os mortos. Lia poesias românticas - cadavéricas - nostálgicas de uma vida desconhecida, sentia-se pequena num templo imenso, quanto custa cultuar a morte? Mas, e se adotasse um caminho inverso? Se procurasse descobrir os mistérios da vida? Até estranho dizer "mistérios da vida", se vida é o que a gente vive, mesmo inconsciente, vivemos. Lá, num cômodo escuro, luzes apagadas, olhos fechados, o coraçãozinho ainda continua a bater e esperanças, e temores, e horrores, e alegrias, encontram lugar numa tela onírica. Lá, uma fagulha, uma chama, um sopro de vida miúdo, singular, mas sinal de possibilidades.
Por que continuamos? Para quê prosseguimos? Uma folha caída, um laço desfeito, fatalidades que ninguém consegue explicar ou, se houver alguma explicação, não é o suficiente para a perda que é sentida. Mas perdeu o quê? Uma pessoa amada? Uma pessoa querida? "Pedaço de mim, metade afastada de mim" (Chico Buarque), perdeu uma parte de si mesmo, alguém que um dia foi, não é mais, um fragmento de vida que se torna estória. Memória, talvez seja contada numa noite na proa de algum navio, não com tristeza, essa com T maiúsculo (Don Mioto), sim com a certeza de que viveu, de que minimamente houve alguma experiência compartilhada.
E agora seguir, não com a pretensão de ratificar o que já está posto, de conservar um lugar para um espectro, um fantasma, mas de atar outros laços, se perder e se achar no emaranhado que é viver. Haverá outros sóis, é preciso manter as portas abertas; a intensão não é vencer o labirinto, é encontrar fendas no meio da trajetória, aproveitar as estranhezas para dar novos contornos para a viagem. Andanças, andanças, mesmo no momento mais solitário, haverá uma voz, um ruído para dizer: Vai! Continua! Arruma um jeito de ser feliz nessa vida. "Labutar é preciso, menino!" (Gonzaguinha)

domingo, 22 de agosto de 2010

Ponette e a alegria

“Me disse que aprenda a ficar contente”, a mãe de Ponette voltou em carne e osso e lhe deu essa atenção, essa dica.
“Carne e osso” num sentido duro da expressão. Uma realidade a ser encarada, sem pra onde fugir: a mãe morreu, bebê! E a morte requer desapego, lidar com isso. Ponette precisa desmamar imediatamente, à força, às pressas. E não adianta convidar um ser que já passou proutro plano pra uma festa, ou oferecer-lhe balinhas coloridas redentoras... não! A lição, Ponette, agora não é como se aproximar de alguém que já foi, ou trazer esse alguém que já está pra lá para cá de volta. A lição é dura. É preciso olhar pro mundo e assumir novos laços, completamente diferente dos que tinha com mamãe. Aprender a ser mais só você mesma e isso dói muito. A vida poraqui é muito pouco aconchegante, Ponette... mas é muito satisfatório ir amolecendo tal dureza... ir se encantando com os nós que embananam tudo pela frente... cada vez que se enfia mais na vida, mais mostra que a trama é mais embromada, mas a partir de um momento, pequena, isso passa a ser o sentido da coisa, a alegria da caminhada. A via-crúcis da vida, Ponette, é o inferno necessário para o êxtase do amor. Essa separação fúnebre, forçada pela foiçada da morte, é um crescimento... menina, isso é dor de perder e ser obrigada a ganhar a si mesmo... “a madureza essa terrível prenda que alguém nos dá levando-nos com ela todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela.” (Drummond) Tá vendo como aprender a se alegrar é uma missão complicada, sutil...! É como ser um riacho (I Ching)... correndo e tapando os buracos e fluindo, levando quem quer fluir junto... aprender a ser contente é saber que a tristeza é mais do que uma forma de egoísmo (Arnaldo), é uma maneira medrosa de encarar a dureza da vida... a tristeza (com T maiúsculo) é uma maneira de se esconder, não se encarar, não se soltar, não se mostrar, não se revelar... quando se vê que na via-crúcis o caminho se traça com alegria ou vai ficar na estrada por o triplo de tempo. Viver alegremente passa a ser dolorido, ter de sentir a força da magia crua da vida e com isso se extasiar exige entrega pro fluxo, do que vier de mágica beber sedento. Ponette, agora não adianta fazer cara de choro, o tempo de luto é respeitado, mas medo de viver já é outra coisa, mais próxima da manha, da não maturidade.
Ponette, um centro único, condensado, em que você mirava todo seu amor despreocupado e acolhedor, explodiu, se fragmentou no impacto do volante do carro. Fagulhou-se e você pra encontrá-lo vai ter de procurar em tantos corações poraí que vai acabar descobrindo outras tantas fagulhas de amor antes explodidas que irão lhe seduzir, pode pegá-las, mesmo receiosa, vai montando um mosaico feito com muita dor e doação de si, esse mosaico vai formando aberturas, brechas internas, por onde vão escoando as águas da sensibilização. Você vai ficar, um dia, toda contente de ter o peito todo molhado, daí o brilho nos olhos virão... desmurcha, então, Ponette... agora!

(escrito depois de vislumbrar o filme “Ponette” de Jacques Doillon)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lucía e o Sexo ou Visita Viagens

Revisito. Te reencontro, já não sou mais o mesmo. Da primeira vez em que você me tomou, me levou, queria saber: o que quero com o cinema? O que quero do cinema? Então te conheci, disse, é isso! Tentei dizer para os outros, encontrava as pessoas nas ruas, nos bares, nos pontos de ônibus. Você havia me mostrado que as palavras, às vezes, são insuficientes, mas insisti tanto, não podia me calar, o meu silêncio só podia ser caminho para que eles te vissem; da vida, é tu que posso e pretendo falar, ainda e agora. Cinema? Desvelamento, desvela dores, não é para que possamos ver melhor a corrida do coelho, mas o vão entre uma pegada e outra. Onde encontrarei um olho mágico que alcance os poros da pele? Onde encontrarei olho mágico que apanhe aquela lágrima como um dedo? Você me ensinou, a obra, muito mais que o artista. Há momentos de escancarar a vida, de gritar amor a todos os cantos do mundo, mesmo que todos os cantos do mundo não possam ouvir, ouvido dela há lua. Há momentos de sugestões, como ruídos percorrem a superfície do nosso corpo sendo tão profundos; implicitar, para que a leveza do breve, do quase despercebido, sustente o nosso vôo. Há fatalidades que exigem sutilezas, porque não é qualquer nudeza que se coloca no coração, porque cada batida como cada nota que se degusta na mesa. Sim, é um convite, uma mão que nos leva por um labirinto, uma porta que se abre, uma vida partida, havia mar, havia braços, este é o momento das lágrimas, não podemos silenciá-lo. Onde moram as feridas também encontraremos o riso. Na surpresa, muito mais do que o espanto, a magia, quando não sabemos se rimos ou se choramos, porque qualquer expressão que pensemos será insuficiente por ser pensada, nesse momento em que as janelas estão abertas para nós, em que o chão não é o limite da nossa queda, mas um buraco numa falsa ilha que nos leva para a metade da história, onde é possível, diante de tanta dor, diante de tanto pranto, recontar e contar a estória, quando já não sabemos o que é história e o que é estória. Recordemos, o olho mágico resgata, mas não é re-viver, não se sentirá como quando viveu a viagem - a visita de si mesmo – o que sentir valerá a pena, valer a pena é continuar a viver. Qualquer momento é único, da particularidade não há dúvida, se houver, prefiro confiar nas pessoas. A mágica não exige prontidão, exige ela, o que demanda de nossos laços, instante em que olhos se cruzam, em que frações de segundo são re-sentidos, sem ressentimento, sem pesar, mas com a intensidade da paixão. Porque somos atormentados, apaixonados, atordoados, tenebrosos, ó: inclusive nos movemos. A maior dificuldade em estudar o ser humano é que é preciso estudar a si mesmo: tocar as nossas fronteiras. Não, os muros não são invisíveis, nós os fizemos e eles já estavam aqui, possuímos uma herança que tem tantos nomes e que não está restrita ao nosso sangue, que não pode apenas assumir a interface anímica. É quando tocamos, é quando olhamos, é quando descobrimos que uma música não é apenas ouvida com os ouvidos, que a vida é sinestésica. É tão rica a sua sinestesia na profundidade de cada singularidade, cada poro, cada parte da nossa pele, cada membro do nosso pensamento. Excitação é êxtase, gozar é amar a vida.

domingo, 15 de agosto de 2010

cinema velho sábio

O filme tem dessa coisa de ser um velho psicólogo, um destravante, um revelador de vidas. Assistí-los e notar em como a poesia imagética foi montada é um assunto difícil... como que o discurso foi confeccionado pra que naquele momento daquela cena uma excitação aí dentro pegue fogo, queima, abre, quebra? não estamos falando apenas de composição técnica... não adianta ficar discutindo qualé a câmera que usou e que filtro e que tipo de luz.... não está se discutindo enredo da história, o tipo de direção, a melhor atuação... não... está se discutindo a sensibilização. Como formular uma poesia? E como a sua magia funcionou? Trata-se disso. O filme, muito mais que seu diretor e seu roteirista, o filme, muitos deles, são velhos sábios, que possuem passes mágicos, cada um com sua peculiaridade madura, cada um tocando numa desvelação, destravação específica de quem entra em contato com a obra. O grupo de estudos Ahoramágica valoriza a pesquisa destes passes sensibilizadores dos filmes que estuda como um grupo que recolhe rabos de largatixa e lágrimas de crocodilo... para guadar... dentro... remoendo pra destravar e inspirar produções que saem de uma sopa feita num caldeirão com estes igredientes recolhidos poeticamente. Uma sopa forte, busca-se. Bate e abre. Na lata. Construir imagens que contaminem e definhem a trava... germes sensibilizadores. O grupo de estudos busca exaltar, num entendimento poético, essas expressões cinematográficas que poderiam desentupir amor se o corpo e as sensações de quem está na sua reta estiver amaciado para isso. Deixemos de interromper aos poucos, porque de uma vez é traumático e impreciso, essa magia amorosa e tão íntima e familiar que nos toma quando estamos descuidados. Cinemando você se descuida, se perde daí se acha.

todo domingo.. quatro horas... lá na Vila Cultural Brasil...
abaixo, a programação.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PROGRAMAÇÃO DE AGOSTO

Exibições do grupo de estudos...
na Vila Cultural Brasil
aos DOMINGOS - 16 horas.



Lúcia e o Sexo (2001) de Júlio Medem 15/08

O meu tesouro?
En el latido humano,
Para que você abra uma porta
No labirinto que sou,
Para que abramos portas
No labirinto que somos


Ponette (1996) de Jacques Doillon 22/08

Cada segundo vivido,
Cada segundo morrido,
Tantas vezes renascido,
Tantas vezes partido,
Partir para onde o que virá!


Não por acaso (2007)de Philipe Bracinski 29/08

Meandros, interstícios, volteios,
Silêncios, repetições, meios,
Prossigo os riscos dos meus atos
Sou – como deixar de ser? –
C o n s e q u ê n c i a

VILA CULTURAL BRASIL E O GRUPO DE ESTUDOS SOBRE CINEMA

AHORAMÁGICA recentemente fez um acordo com o pessoal da VILA CULTURAL BRASIL (http://vilaculturalbrasil.blogspot.com)... levou pra lá e fincou uma bandeira: o grupo de estudos de cinema da AHORAMÁGICA.
Exibe-se filmes e discute-se. No momento a Ahoramágica preocupa-se muito com a SENSIBILIZAÇÃO... onde que o filme te abre? que que destravou? em qual cena? onde no corpo o personagem te golpeou? filmes liberadores de ranços... tem uns que são mesmo.
A Vila Cultural Brasil fica na rua Uruguai esquina com a Venezuela... número 1656...

As andanças de O PEQUENO

Desde julho, Ahoramágica retomou o processo de produção do curta-metragem O PEQUENO... de roteiro e direção de Luis Henrique Mioto.
O filme está contando com a parceria na produção da DAMEDO produções (www.damedo.com), uma produtora nova daqui de Londrina, amigos, que colabora na feitura do curta de forma independente...
Estamos em fase de ensaios e temos um vídeo que exibe este processo: http://www.youtube.com/user/AHORAMAGICA#p/a
e tem também a prévia do curta (feita em 2008, ano que se iniciou o projeto...)que está disponível aqui no blog.

É um vídeo pra mostrar - a quem nos sentimos juntos - o processo de andança da criação deste cinema-encanto-sonho.
A equipe técnica é formada por Luis Henrique Mioto (direção, câmera, fotografia); Biu (produção e direção de som); Garota Razel (maquiagem e produção); Rodrigo Prado (assitente de direção, contrarregra e continuista); Priscila Mioto (iluminação); Esther (figurino, com a colaboração passada da Lucyana); Cris Peluquero (cabelos); Edinho; Ruth da Silva e Maria Alves na colaboração dos transportes; Isabel na colaboração com o cuidado com seu filho João (o Pequeno)...
A equipe de atores: João (o Pequeno); Eunice (Vida/morte); Thiago Correa (o Motorista); Fabríco Correa (Desejo); Cris (Pressa); Cézinha (Medo); Ronie (Velho Raro) e Matheuzinho (Homem curupiresco).
Ainda citamos o apoio da Vila Cultural Brasil que onde estão ocorrendo os ensaios e as sessões do grupo de estudos Ahoramágica.
Estamos na correria... agradecemos a todos que apoiaram o projeto até o momento... nos sentimos muito gratos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Oficina de documentários ahoramágicos em Dois Vizinhos

Abaixo os links que exibem o vídeo documentário resultante da oficina realizada pela Ahoramágica criações (através de Luis Mioto) durante o Fera Com Ciência, na cidade de Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná. Ele se chama "Quem sabe onde a poluição vai parar?".
Foram trabalhados, em quatro dias, conceitos básicos do multiverso da criação cinematográfica, além de estimular os meios de criação independente e divulgar a cultura cinéfila. Durante a oficina foi confeccionada uma equipe de filmagem deste documentário, as roteiristas-oficinandas formaram o roteiro de questionamentos dentro da temática POLUIÇÃO e RECICLAGEM, que perceberão ao longo do vídeo.
O encantamento com a possibilidade de criação de mundo com as máquinas e conceitos fazedores de cinema brilharam nos pequenos (sem rugas) e escapuliu do quadrado da sala-de-aula e flui.
As oficinas de apresentação do mundo da ciação cinematográfica tem sido um dos fortes tentáculos da Ahoramágica, trazendo para o grupo muita experiência e entrelaçamentos de vidas e de novíssimas imagens criadas. Ainda vamos mais, só ouvirmos o chamado.
Sois e noites aos ahoramágiquenhos!

Links:
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=-qx079xOitk
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=dkAyrkIon2U

sábado, 13 de março de 2010

Ahoramágica criações colaborou com a divulgação da peça "HELENA DOS SONHOS" da Cia. Teatro de Garagem... filmando e editando um vídeo-chamado. Link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=HvNSeDvv4vo

A apresentação da "HELENA DOS SONHOS" será entre 16 a 21 de março, as 21 horas, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis (R.João Pessoa, 103 - Londrina - PR)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ciclo de cinema Ahoramágica em Londrina

O cine-clube Ahoramágica está apresentando um projeto pro PROMIC de ciclo de cinema pela cidade a fora!
O projeto envolve exibições no espaço cultural Ciranda da Cultura, no bairro Avelino Vieira (Zona Oeste) e no Centro Cultural da Zona Norte (no cincão), além de exibições especiais no Teatro Zaqueu de Melo.
Buscaremos confeccionar um grupo de estudos ao longo do ciclo de exibições... com debates que resultariam em textos publicados aqui no blog ahoramagiquenho...
Serão, então, exibidos só filmes de domínio público... fazendo um resgate histórico-documental-estético do cinema.
Dia primeiro de março é o dia da entrega do projeto. Braços.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"O pequeno" "O promic"

O cine-clube Ahoramágica está buscando apoio financeiro do PROMIC, o programa de incentivo a cultura da prefeitura de Londrina, para a realização do curta-metragem "O pequeno", do qual disponibilizamos aqui no blog a prévia...
A entrega do projeto para análise é até dia primeiro de março e tem toda a correria da documentação, da escrita do projeto e de um monte de detalhe pra darmos conta...
"O pequeno" é um projeto com roteiro e direção de Luis Mioto, e com uma equipe de produção se tecendo desde 2008...
O projeto, entende-se, não tem furos... vâmo aguardá a apuração.
Crá!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

...transformação...

Gabriel Gimenê e o mais recente cuspe/tentáculo horamagiquenho:

"Em um campus floripenho, cores vibram pelas paredes da reitoria. Impossível passar despercebido por elas. São homens? Animais? Deuses? Coisas? Muito mais do que isso... Os limites do nome e do corpo não impedem esses seres de dançarem e de se tornarem qualquer coisa. Vôos, luzes, criações e destruições nesses impressionantes mosaicos de Rodrigo de Haro."

No link:

http://www.youtube.com/watch?v=uGZxT7uPNiA

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As retroprojeções líquidas

Ahoramágica criações confecciona as imagens da peça musical "Sete máscaras" do grupo "A Barca de Papel", experimentações e vãos...
Essa é uma edição ahoramagiquenha de algumas das apresentações da Barca...
Destacamos, acolá, as nomeadas "retroprojeções líquidas" que compõem o cenário da peça...
Câmera de Rodrigo Prado, imagens liquidificadas por Luis Mioto, Ana Alice e Gabriel Gimenê...
Parte um... tem a dois e a três.
http://www.youtube.com/watch?v=HqQuE8fTYCA

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

De Motu

Ética..........................................................................................Proética
........Poética...............................................................Profética
....................Cinética...................................Cinética
.................................Profética.........Poética
................................................Ética

(Soak)