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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Caça ao leão invisível

Escrito após a exibição ahoramagiquenha da "Caça ao leão com arco" de Jean Rouch.

o americano não caiu. ficou. ninguém nem nunca viu ele. os caçadores na feitiçaria alcançaram um amuleto pra invisibilidade. o americano é invisível quando quer. e ele é só um. aprendeu tudo aquilo que sabe não se sabe de onde. que documentário-cinema-etnografia conseguiria mostrar-nos de onde vem tanta sagacidade? sutilidade felina? é um ser maravilhoso, mágico, imenso, que aqueles feiticeiros-guerreiros e sua comunidade convivem... convivem com girafas correndo em manada, logo ali depois do rio tem animais quatro vezes maior que você... agente aqui tem medo, nojo, sentido de domesticação de rato, formiga, rottweiler... lá o branco dos olhos são amarelos, atentos, vivos, pois ali tem uma girafa correndo e mais pra frente um leão absolutamente poderoso e que está afim de enfrentar-nos, romper os acordos... coragem é algo básico, já pré-requisito pra viver como guerreiro, outros são viver e fazer impecavelmente tudo, inclusive respeitar e cultuar aquele que te ataca, entoar cânticos que acelerem o processo da morte, recear milimetricamente a criação de um veneno, interpretar as mensagens deixadas pelo leão, ler os símbolos da Terra e dos caminhos, como-onde-quando a armadilha arma-se e tudo, inclusive impecável ao caminhar, falar sobre. estamos muito longe disso tudo, mas esse filme existe e nos mostra feitiçarias. o americano continua rondando todo o território que lhe cabe, deve estar puto por que o filho caiu, e duas das amadas caíram...
ou ele doou-os como uma trégua? mas, mesmo que não estejamos o vendo, ele está aí... em algum lugar... nos mirando... sentindo nossas ações, nos farejando e nos interpretando. o que será que está planejando? qual será sua próxima provocação?

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